Bem, vamos lá… Como calcular o comprimento desse barbante?
O problema
Um barbante é colado de modo simestricamente perfeito ao redor de um cilindro. Esse barbante dá exatas quatro voltas da base do cilindro até o seu topo.
A circunferência do cilindro é 4cm e seu comprimento é 12cm. Qual o comprimento do cilindro?
Estratégias de solução
Existem algumas possibilidades para resolver esse problema. Um deles, o jeito mais esperto,
é perceber que você pode “recortar” um lado do cilindro e planificar ele. Assim sendo,
obtém-se um retângulo de 12cm por 4cm, e o fio forma a cada 3cm uma inclinação reta completa em
cima do planificado, como se fossem 4 retângulos de 3cm por 4cm postos lado a lado e o barbante
seria a soma das diagonais desses 4 retângulos.
Outro jeito de se fazer é usando comprimento de arco. Para isso, precisamos definir uma função
R↦R3 cujos pontos, para t∈[0,1], defina todas
as posições do barbante. Com essa função em mãos, podemos calcular o tamanho do arco variando
(t,t′)=(t,t+ϵ),limϵ=0.
Definindo a função “posição do barbante”
Essa função ela é de tal forma que:
pos(t)=(compx(t),compy(t),compz(t))
Onde por definição do problema compz é diretamente proporcional a t.
E também precisa ser definida em t∈[0,1]. Porém, olha que bacana se eu pegar um
v≡12t:
pos(v)=(comp2x(v),comp2y(v),comp2z(v))
E olha que interessante… como comp2z(v) precisa ser diretamente proporcional a v
e crescer de modo linear, começando de 0 e indo até 12, como v≡12t então
a função precisa estar definida no intervalo v∈[0,12]. Portanto,
comp2z(v)=v. Claro, isso assumindo que o cilindro está com a base encontasndo no
plano xy e que ele se estende na direção do eixo z.
Agora precisamos definir comp2x(v),comp2y(v). O que sabemos sobre esses componentes?
Basicamente que eles formam círculos contínuos e conforma v cresce o giro é sempre para
o mesmo lado. Assumindo que a origem das coordenadas xy seja o centro do rolo cilíndrico,
teremos que (comp2x(θ),comp2y(θ))=(cos(θ)×r,sin(θ)×r).
Onde r é o valor do raio.
Agora, falta converter de v para θ. Como são 4 voltas, em um total de 12cm,
então a cada variação de 3cm em v temos que demos uma volta completa. Em outras palavras,
seja toθ(v)↦θ a função que transforma v em θ:
toθ(v)=θtoθ(v+3)=θ+2×π
E quanto v=0, temos que toθ(v)=0 também. Portanto:
toθ(v)=32×π×v
Então temos que:
pos(v)=⎩⎪⎨⎪⎧cos(32×π×v)×rsin(32×π×v)×rvxyz
Qual o valor exato de r?
Temos que a circunferência do cilindro é de 4cm. Portanto, circ=2×π×r=4.
Ou seja:
r=π2
O que é o comprimento de arco?
Bem, peguemos uma função qualquer. Por exemplo:
f(x)=32x3
Quanto de tinta se gastaria cobrindo essa curva no intervalo de x∈[4,9].
Como calcular isso?
Para isso, precisamos definir os pontos que irá compor nosso arco. Por exemplo, ele começa em
(4,531) e vai até (9,18). Podemos transformar isso em uma função do “tempo” da caneta
percorrendo esse intervalo:
posf(t)=(t,32t3)
Se pegarmos t′, um infinitésimo depois de t, teremos então praticamente uma reta que vai
de posf(t),posf(t′). Então, basicamente se conseguirmos pegar a soma de
todos os intervalos infinitesimais do começo até o final, então teremos calculado o comprimento
do arco nesse intervalo. Ou seja:
∫49len(t)dt
E como é definido o comprimento do segmento posf(t),posf(t′)? Bem,
basicamente, pitágoras, já que t′ é basicamente um infinitésimo depois de t, então
próximo o suficiente de ser um segmento de reta. O jeito de se calcular posf(t) nós
já conhecemos, e para calcular posf(t′)? Bem, isso vai dependenter do quanto a função
posf varia de acordo com o seu argumento. Portanto, posf(t′)=posf(t)+posf′(t)×(t′−t), onde posf′(t)=dtposf(t) é a derivada de posf(t).
Como se interessa a distância entre os pontos posf(t),posf(t′), podemos transladar
ambos os pontos de tal modo que posf(t) seja coincidente com a origem.
Demonstração dessa propriedade será feita em outro blog post.
Nessa situação, posf(t′) após o translado vai coincidir com posf′(t)×(t′−t).
Como a ideia é pegar isto em um instante infinitesimal, podemos considerar que o
movimento do arco nesse infinitésimo de deslocamento foi uma reta infinitesimal.
Então, vai ser basicamente a magnitude ∣posf′(t)×(t′−t)∣, pitágoras como antes
mencionado.
Só recapitulando a função:
posf(t)=(t,32t3)
Portanto, a derivada dela em t será:
posf′(t)=(1,t)
Portanto, o tanto de arco criado no infinitésimo ao redor do tempo t será de:
∣posf′(t)∣=12+(t)2=1+t
Como se deseja a integral dessa função de 4 até 9,
Então, o comprimento do arco é isso. Em termos leigos pode ser entendimento com
o quanto se gasta de caneta para percorrer uma distância em uma função.
Aqui achamos o comprimento de uma função R↦R. Porém,
como na verdade a função acaba codificando uma coordenada no plano cartesiano,
o que nos interessou foi o mapeamento R↦R2, onde a
primeira ordenada é X.
Nada impede de pegar este conceito e expandir, seja para um par ordenado onde
nenhuma das funções sejam exatamente X, seja para R3.
Então, para uma curva descrita pela função R↦R3:
f(t)=⎩⎪⎨⎪⎧X(t)Y(t)Z(t)
O comprimento de arco dela entre os pontos a e b será de: